quinta-feira, 30 de julho de 2009

Clarice, Carmen e vovó



Li na epígrafe de um livro:

Era o meu sonho ter várias vidas. Numa eu só seria mãe, em outra vida eu só escreveria, em outra eu só amava.

Clarice Lispector.

Havia me distanciado de Clarice, isso ja fazia muito tempo...fui fanática por ela na adolescência, depois a esqueci, ela era muito intensa, cansei um pouco. A menina muito sensivel da adolescência, chorona e sonhadora estava precisando dormir um pouco para aparecer uma pessoa mais aguerrida, necessário para enfrentar a vida, cheia de jacarés, leões e cobras.

Outro dia fui ao teatro, assiti um lindo infantil adulto, dirigido por Cristina Moura, com Mariana Lima, Luciana Fróes e Renato Linhares, A Mulher que matou os peixes...e outros bichos. A peça é linda, preenchida com todos o simbolismos de uma infância revista por adultos sensiveis e artistas que não colocam em hierarquia corpo, voz, interpretação. Quando li o programa, antes de entrar no teatro me indentifiquei com o programa que dizia ser uma peça em que a atriz "Se impôs um desafio: fazer algo que nunca fez, viver uma experiência nunca vivida." Lembrei-me certa vez em Uberlândia, após a apresentação de Maria José, a segunda parte da trilogia, durante um bate-papo que eu disse "no proximo trabalho devo entrar nua, loira e cantando!, quero cantar!". O nu desapareceu, o trabalho não pediu, a loira está firme e o canto, aparecendo...portanto sinto-me grata de ter seguido o desejo de propor um desafio a mim mesma. Certa hora na peça, Mariana diz mais ou menos isso;" Faça o que gosta, pinte, desenhe, dance, assim o coração esquenta e não vive a solidão." Achei que era fala de Mariana, soube depois que era Clarice! Nossa! Voltei a querer ler Clarice, e ela apareceu na epígrafe de um livro que uma pessoa, que pouco conheço, quis presentear-me, livro que também é obra de uma escritora. Tudo se encaixando...e, a frase apareceu quando coloquei em cena a foto de minha avó com meu pai nos anos 40.Vovó é contemporânea de Carmen, fisicamente sou cara dela, ja da para saber como serei bem velhinha.

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