quinta-feira, 15 de abril de 2010


Carmen: orgulhosa demais, frágil demais

A uma semana de estrear minha trilogia perdi 4 kilos. Não foram perdidos pelo excesso de ensaios ou de exercícios, comum para mim. Foram perdidos pela imensa tristeza que me tomou de assalto durante o mês de Março. De repente, em apenas um mês, vi meu corpo, que nunca foi grande e opulento, pequeno e frágil, muito mais frágil. O rosto afinou, os braços, as pernas e...minha tão adorada bunda se foi! Isso foi o que mais me chocou, juro. Pode parecer estranho dizer isso, mas é que não contamos com essa sorte por muito tempo durante a vida, ela irá naturalmente embora quando chegar a velhice, normal, não temo isso, mas não queria vê-la indo embora agora, mas enfim... ela se foi... ainda bem que foi eternizada nas fotos de Manuel Vason, pelo menos isso.
Quando recuperei-me da tristeza, fui aos poucos retomando a vida, comecei a ensaiar e vi que as roupas, a cotoveleira, tudo caia em mim, não via e não sentia, minha musculatura, olhava-me no espelho e via cada osso de meu esqueleto... foi então que tomei uma decisão: vou dançar meu corpo frágil! Sim, Carmen e Maria Callas, minhas ídalas, eram frágeis e ao mesmo tempo maravilhosas no palco.
A Carmen de que falo está frágil, assustada com as críticas recebidas em sua volta ao país, cansada de tanto trabalho e aberta ao amor... que nunca chegou...
Assim estarei em minha mais recente empreitada - frágil - por tudo que senti nos últimos meses e espero que a cena cresça com isso.