quinta-feira, 26 de novembro de 2009

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Simone, eu e Belladona


Simone, Eu e belladona


Simone, eu e Belladona

Qual não foi minha surpresa quando disseram-me que entre a minha foto nua na praia naturista do Rio de Janeiro e a foto das tantas garotas de programa na Internet não havia diferença. Antes de ficar pasma, furiosa ou muito triste tentei colocar meu olhar no mesmo lugar do interlocutor e procurar todas as possíveis semelhanças entre mim e as moças.
Encontrei algumas: nós gostamos do nosso corpo (X); achamos importante por diversos motivos mostra-lo (X); nos alegramos com os elogios recebidos (X); se aproximam de nós apenas os homens que consentimos (X).
Não sei quantos olham mais para mim ou para para o mar quando veem a foto, mas o que quer que façam isso não é um problema meu e que bom que abro espaço na imaginação de meus interlocutores para as suas fantasias... Fora isso, só vi as diferenças... Elas ganham dinheiro com suas fotos; eu não. Elas são infinitamente menos preconceituosas que eu quando fazem suas escolhas, amam os feios, os barrigudos, os peludos; eu não. Já devem ter conseguido superar o medo da violência sexual, pois sabem que é uma exceção, eu não. Estou presa ao mundo perfeito da burguesia, onde todos só vivem para o que é belo, diferente e não se preocupam com os problemas do mundo real. Elas não, tem casa e familia para sustentar.
As moças não se incomodam de serem reconhecidas apenas por suas qualidades físicas, eu, se pudesse - ás vezes - deixaria minhas pernas e bunda saírem sozinhas, meu cerébro as atrapalham muito, pois ele seleciona os candidatos a partir de valores sociais, econômicos e não apenas pelo que importa; olhar, cheiro e sorriso.
Aos 40 anos Simone de Beauvoir, uma mulher culta e bonita, reconheceu sua "velhice" sua não-capacidade de atrair mais seu feio e amado pequeno homem; Sartre.
Deus, livre-me disso, afinal, não sou ateia e pratico minha devoção protestante-cristã indo à igreja aos domingos.

sábado, 7 de novembro de 2009

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Á minha querida Sofia e o seu rapidinho

Sofia é minha aluna de dança, tem 5 anos e uma lucidez impressionante para a idade. Outro dia chegou na sala muito chateada e quis ficar sentada enquanto eu começava a aula. Como de costume, sentamos numa rodinha, joelhos dobrados e pés se tocando, mãos próximas ao coração. Juntos respirávamos e ouvíamos um CD de mantras indianos, nos movíamos e respirávamos fundo durante a música, como numa prática de yoga. De repente Sofia desatou num choro, chorava copiosamente. Parei a aula e perguntei o que acontecia. Em um discurso muito lógico ela falava na saudade que sentia do seu peixinho, o rapinho, engolido por outro enquanto a família estava fora. Ela estava arrasada e, apesar do choro ela conseguia dizer exatamente o que sentia, dizia que não conseguia esquece-lo e sentia-se culpada por um dia ter alimentado muito os outros peixes do aquário até que um deles um dia comeu seu rapidinho. Todas as outras crianças, da mesma idade ou menores, tentavam reconforta-la, dando palavras de carinho, falando de suas experiências com seus bichinhos prediletos, oferecendo-lhe água etc. Fiquei muito comovida com tudo, aquela criança que expressava sua tristeza de forma precisa, as outras que a entendiam perfeitamente, de repente nos sentimos, todas, muito unidas pensando em como aplacar a dor da pequena Sofia, que estava em dor. Depois tudo foi superado e aula seguiu com sua dinâmica e brincadeiras de sempre. Sofia participou bem até o fim e por sua ótima participação ganhou uma brincadeira extra que ela mesmo escolheu: me fazer de helicóptero e fazê-lo girar em torno de mim. Passei a semana pensando na Sofia, na perda que sofreu e na capacidade que teve de entrar em contato com seu sentimento e expressa-lo, espero que que o mundo adulto não tire dela essa sensibilidade.