terça-feira, 31 de março de 2009

Vamos partilhar o que temos em comum?

Outro dia, faz tempo já, mas na velocidade que vamos, fazem anos, embora não tenha feito um mês. Enfim... o quero dizer é que venho já faz muuuuito tempo pensando que tudo é de todos, não vai ai nenhuma novidade, tampouco tem a ver com o comunismo - de Estado - que conhecemos, é simplesmente uma constatação que parte da observação natural enquanto ando pelas ruas da cidade e vejo que possuímos - e partilhamos- coisas em comum. Mas outro dia presenciei uma discussão que ilustra o meu pensamento. Estava numa festa e vi dois fotógrafos que combriam o evento discutindo, era assim a conversa:

-Ei, cara! Cuidado ai não pisa no sofá, não!
(diga-se de passagem: um lindo sofá feito de ferro retorcido e no assento lindas imagens de Carmen Miranda, realmente de muito bom gosto e muito bem feito).
-Qualé cara! Ta estressadinho, heim?! Por acaso é você o dono dele?
-Não, não sou, mas vi o trabalho que foi fazê-lo.

Tem ai nesse diálogo trivial, tudo o que quero dizer: Se não é você o dono do objeto por que cuidar dele? É a primeira surpresa de alguém. Mas o rapaz pensou: no trabalho= o tempo que uma pessoa levou para construir o objeto, essa pessoa por sua vez pensou no uso comum= pessoas sentarem, logo, ele pensou= que aquele objeto merecia um cuidado.

Mais do que natural que ele tivesse alguma consideração pelo objeto ou pela pessoa. Mas por que o outro rapaz estranhou tal atitude? Vejamos:

1. Eu trabalho para ganhar o meu dinheiro e no fim comprar as minhas coisas.
2. Só preciso cuidar de mim, e cada um que cuide de si.
3. Eu posso fazer o que eu quiser por que eu estou pagando
4. São inúmeros os trivais exemplos de como fomos privatizando tudo e normalizando essa atitude, já que:

a. O governo não faz nada
b. Todos roubam (erram, avançam sinal, ocupam calçadas, etc) por que eu também não posso?
c. O Estado não me nada.
d. Todo político é desonesto ( claro, quem fala essa frase é sempre muito ético em tudo).

Onde quero chegar com essa história? Quero artisticamente discuti-la esse é meu próximo projeto incentivado, sem saber, por Ruy Castro ao questionar o que eu e ele tínhamos em comum; o amor pela história de Carmen Miranda, seu espanto não foi com o amor por ele provocado, o fato é que eu não poderia fazer nada com isso antes de avisar a família, pois ela sim, era a dona de Carmen Miranda, a Carmen que, por enquanto, só existe na minha imaginação, diga-se de passagem.

Vídeo Á Simone da bela visão


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